segunda-feira, 23 de maio de 2011

NESP discute medicina e classes sociais

No 2º encontro do NESP, no dia 06/05/2011, discutiu-se qual seria o papel do sistema de saúde na sociedade capitalista, com base no texto indicado. Aparentemente, a medicina se coloca em uma posição de neutralidade dentro de contextos economômicos e políticos, tendo em vista o seu papel social, de promoção de saúde e bem-estar. Deste modo, ela não deveria se relacionar com problemas entre as diferenças de classes (a medicina foi revestida daquele sentimento de filantropia por muito tempo), sendo independente de estruturas político-ideológicas. Entretanto, não é exatamente assim que a medicina se coloca dentro da sociedade. Constata-se, sim, uma diferenciação das práticas médicas conforme esta se destina a diferentes classes, sendo observada no tratamento acessível a cada uma delas, instituições diferenciadas... São fatos pontuais que podem ser encaixados dentro da lógica do sistema no qual estamos inseridos, o capitalismo. 

O maior acesso aos serviços e outras melhorias no campo da saúde não ocorrem apenas por filantropia ou por conquistas sociais. Na discussão, colocou-se em pauta o conceito de reprodução da força de trabalho, em que pelo menos o mínimo de saúde é disponibilizado, de modo que haja aumento quantitativo e qualitativo do exército de trabalhadores disponíveis e aptos, aumentando a produtividade e os lucros de determinada empresa (definição que se encaixa dentro do modelo toyotista, por exemplo). Continuando nesta linha de raciocínio, pode-se concluir que a ampliação dos serviços de saúde ocorre junto com o desenvolvimento político e econômico, com uma seleção dos grupos sociais incorporados e com tipos de ação direcionados (diferenças no setor público e privado, por exemplo). A péssima qualidade da saúde é um fator importante de revolta. Com a ampliação dos serviços (provendo pelo menos o mínimo), há redução desta, deste modo, sendo um meio de controle ideológico social e manutenção do sistema


Outro ponto levantado foi o quanto a medicina é influenciada pelos seus meios de trabalho, como eles modificam o processo de trabalho médico. Indútrias realcionadas com aparelhos tecnológicos e indústrias farmacêuticas têm necessidade de expansão, e o campo da medicina é o principal, se não o único, campo pelo qual elas poderiam realizar este objetivo. Assim, induz-se que o médico e outros profissionais da saúde são de fato outras classes de trabalhadores, proletariados, dentro da sociedade, se ainda havia dúvidas. 



A medicina não é neutra, mas está inserida no sistema capitalista e apóia a sua manutenção. Não deixa de ser um interesse da sociedade mas, além de uma conquista social, é interesse da classe dominante.

Yumi Tamashiro

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